Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

21.2.04

Eles entenderam tudo errado

Metade dos críticos de rock chamam o Coldplay de "Radiohead limpo". A outra metade fala de "british sensitive rockers". Ora, onde o Radiohead é irracional (e que não fique a conotação negativa da palavra aqui), Coldplay fala constantemente de uma obsessão irredenta pelo controle.

Veja, pessoas sensíveis permitem-se explorar o acaso. Os dois trechos mais significativos vêm de "Politik" (give me one, 'cause one is best - in confusion, confidence) e "God put a smile" (give me smile and give me grace - and put a smile upon my face), e clamam justamente por um abrigo do acaso, por um mundo mais razoável onde viver seja menos perigoso.

Toda a narrativa do Coldplay fala de pessoas insensíveis (em parte porque racionais como método e destino, e em parte porque auto-centradas, vivendo a parte que importa da sua vida dentro de si mesmas) sendo confrontadas com as suas emoções, com o seu sentir (e aqui acontece uma interessante duplicidade feel/sense) o mundo. Eu acho que é isso o que me atinge com mais força.

Para quem anda acompanhando as minhas aventuras pelo sistema Myers-Briggs, são as aventuras de tipos xNTx explorando suas funções Sx e Fx. Eu acho que alguns críticos de rock ainda não sabem disto aqui: nós não somos personagens com histórias simples e reações simples a histórias de tipos comuns. Nós vivemos vidas, estas sucessões de fatos e sensações incrivelmente complexas, irredutíveis a estruturas narrativas.

Mas claro, "Clocks" fala de quando amamos estar vivos, acordar cada dia, e nos jogarmos no abismo.