Eu culpo o Santeiro
A data do leilão do prédio onde está instalado o IMPA está marcada para o dia 12 de fevereiro. Talvez a única instituição de pesquisa séria deste país, o IMPA acabou no lado mais fraco da corda de uma disputa judicial entre alguns pesquisadores do CNPq e o governo. Condenado pela justiça a acertar suas contas, o CNPq vai vender o prédio.
A nota de Elio Gáspari que nos relata isso conclui culpando, doce e irônicamente, a meta de superávit primário pelo estado lamentável a que a situação chegou. Talvez sem o querer, Elio Gaspari se torna porta-voz da mais tola das heterodoxias, aquela cujo corpo teórico se compõe de pequenas observações sarcásticas sobre casos anedóticos.
Sim, o superávit primário leva a uma corrida de cortes, e a informação assimétrica cuida do resto: do ponto de vista do homem que tem que equilibrar as contas, um instituto de pesquisa em matemática e uma produtora de vídeos acochambrada dentro de uma universidade federal são a mesma coisa.
Mas o ajuste fiscal é uma necessidade imperiosa, e a circunstância de ter que fazer estes superávits dolorosos é resultado de décadas da mais pura fuzarca. É errado culpar o superávit primário pelo cenário kafkiano de vender o IMPA.
Eu culpo Sérgio Santeiro, o imortal rei-montanha do IACS/UFF.
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