Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

3.2.04

You had chemicals boy

Eu acabo de baixar o remix em dnb ("London Electricity mix") de "Born Slippy" do site oficial dos Underworld. A versão original tinha uma letra fantástica sobre um batidão bate-estaca four-on-four irritante - e este remix corrige isso.

O que posso dizer sobre "Born Slippy"? É uma mistura fascinante de canto de esperança no futuro, meditação sobre a superficialidade da consciência e narrativa perturbadora sobre estados neuroquímicos alterados.

"Born slippy" é a "Blowing in the wind" da nossa era - a cultura pop que passa do tomismo a Spinoza, do canto de liberdade e da responsabilidade ética que da liberdade advém ao questionamento mais propriamente filosófico sobre as motivações profundas por trás das ações que julgamos livres.

Em paralelo a isso, "Born Slippy" canta o devir. É uma boa época para se viver, quando estes ingleses que escrevem música para a pista de dança fazem o melhor comentário explicativo sobre Bergson que existe em lingua laica.

Convertido em dnb, que em si é o culto da velocidade pura como método de análise, as três faces do fluxo de consciência coletiva de "Born Slippy" apenas ganham camadas de significado. O sentido spinoziano da aparência contraditória de liberdade, em particular, torna-se concreto e físico: as nossas ações acontecem tão rápido que se tornam efeito antes de que consigamos querê-las.

É a inteligência coletiva chegando a uma maturidade tal que a faz redescobrir os projetos filosóficos de alguns homens particularmente lúcidos que se destacaram para o seu tempo. Paul Virilio ficaria orgulhoso.