Uma carta aberta de despedida
Ralissa, não sei que merda houve com você. Mas eu sabia que isso tinha que acontecer alguma hora, e talvez seja bom que tenha acontecido agora. Talvez seja o símbolo de algumas mudanças que têm que acontecer agora, e que circulam em torno do fim do meu tempo livre, agora que estou muitocupado no trabalhestágio.
No fundo, sempre tivemos projetos de vida completamente incompatíveis, visto que não estou disposto a vender a minha alma por dois pontos na prova do Tinoco, e não sei por que quis contar você na lista de pessoas que foram importantes em alguma época. Uma das coisas mais assustadoras para um INTP é ser confrontado com a evidência de que agiu de forma irracional, mas fica o consolo de que isso nunca foi, na verdade, uma traição de princípios.
Mas você marca uma época, e na verdade acho que é dessa época que estou me despedindo. Você não é o símbolo mais adequado para essa época, mas é uma coincidência cronológica feliz. Eu acabo de ler o seu post no Tostando M., e na verdade, sinto-me feliz de ter tido um sonho, e ter ido além do razoável por ele.
O mundo não é mágico, as coisas não caem no lugar sozinhas, mas ainda podem ser perseguidos trade-offs perfeitamente razoáveis, que não representam uma traição de princípios. Em um universo quase aleatório, ainda existem certas combinações, e a natureza para ser comandada, deve ser obedecida.
Enfim. Eu espero que você tenha uma ótima vida, que cace muitas perdizes e que ouça mais Glenn Branca e menos Simon & Garfunkel. Você não quer ter uma crise existencial de proporções amazônicas aos 35 anos, e por isso é bom que você equilibre um pouco esse seu pragmatismo como estrutura com um pouco de celebração do caos em estado puro.
Ah, não é tão triste quanto parece. People don't live or die, people just flow.
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