Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

24.2.03

Where do we go, nobody knows. Tenho a sensação de que as coisas estão sendo retiradas de pauta. Li com alguma supresa na Veja sobre os recentes acontecimentos pós-greve na Venezuela. Hoje de manhã, lembrei de abrir o Nota Latina e li que diante dos recentes atentados na Colômbia, discretamente informados depois do futebol, o presidente Pastrana enviou uma carta a vários presidentes latino-americanos que estavam se integrando ao Grupo de Amigos da Venezuela, pedindo que a FARC seja declarada um "grupo terrorista". É claro que o nosso líder operário optou por ignorar o apelo.

Parecia uma grande teoria da conspiração quando Olavo de Carvalho falava das ligações entre o MST e as FARC, não parecia? E vieram as investigações da PF, veio Fernandinho Sea-shore. Depois, veio aquela história do Foro de São Paulo, que ligava irremediávelmente o PT à guerrilha colombiana. Oh!


Eu estou ficando cansado disso. Ontem, conversando com uma menina que vai ser minha caloura na UFF, discutíamos ideais. Na verdade, o assunto começou com este desenho, e as possíveis interpretações da "montanha" do desenho. Quando ela começou a falar sobre "lutar pelos seus ideais", eu entrei no meu modo reacionário. "Cuidado com os ideais, eles aprisionam", etc. etc. etc.

Detesto pensar em mim mesmo como reacionário. De fato, numa sociedade em que o "normal" se tornou o pensamento de esquerda, sou verdadeiramente subversivo ao supor que talvez não devêssemos estar distribuindo esmolas em Guaribas. O fato é que depois de entrar na diatribe reacionária, lembrei que há diferentes tipos de ideais. Alguns, como "justiça social", são realmente complicados e precisam ser muito discutidos. Mas há ideais simples que precisam ser perseguidos.

A saber, liberdade, amor, e matemática.

Esta minha amiga imediatamente disse "liberdade e amor, matemática nunca foi o meu forte". Cada vez me parece mais que a matemática é tão importante na formação do espírito quanto a música e a literatura. Eu certamente deveria ter acrescentado "arte" àquela lista, mas às vezes pareceria que é uma coisa natural que as pessoas enriqueçam as suas vidas com boa música, boa literatura e bom cinema.

E então Sérgio di Biasi me lembra neste artigo que as pessoas vivem de forma muito mais medíocre do que supõem as minhas mais baixas estimativas.

Então chega de política. Mesmo que os hunos cheguem às nossas portas, como aconteceo hoje no Rio. O blog fica sendo sobre liberdade, música, amor e matemática. É claro que não será simples.

Não devo escrever sobre matemática muito em breve, mas chegará o momento em que serei sofisticado o suficiente para comentar sobre o assunto. Só saberia escrever sobre "amor" na forma de auto-comiseração (estrada que não quero tomar), pequenas homilias (nunca!) ou ficção - o que não era bem o objetivo do blog. Falar de liberdade tende a se tornar falar sobre política, que é o que me desanimava em primeiro lugar.

Bem, música. E com o tempo, liberdade, amor e matemática. Wish me luck.