Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

17.7.03

Baixo

Estou com um baixo elétrico emprestado. Vocês sabiam que o braço do baixo tem duas oitavas?

A minha velha teoria de que qualquer guitarrista toca baixo sobreviveu. O instrumento tem algumas dificuldades mecânicas (o braço é maior, as cordas mais afastadas), mas a afinação é a mesma das quatro cordas mais graves da guitarra, e as cordas oferecem muito mais sustain mesmo sem nenhum tipo de distorção - o que mais que compensa a falta de uma palhetada alternada na mão direita.

Algo inteiramente distinto é ter idéias de baixo. O guitarrista de rock usualmente é treinado para preencher espaço: o tema recorrente nos grandes solistas de guitarra é como a intensidade nunca cai. Por outro lado, o baixo faz das notas que não está tocando sua matéria-prima básica. Requer alguma sutileza, algum feeling. Requer também uma certa sintonia fina com a bateria.

Mas pelo geral, é um instrumento mais fácil. Enquanto eu talvez nunca seja um bom guitarrista, posso aprender a ser um ótimo baixista em mais uns dois meses. Vale a pena? A tentação é grande - afinal, as exigências que se fazem de um guitarrista são irracionalmente mais altas do que as sobre qualquer outro instrumentista. Houve um Jaco Pastorius (roughly, um McLaughlin do baixo), mas não houve Hendrix, Howe, Van Halen, Fripp, Holdsworth, Buckethead. E puxa, há guitarristas impressionantes em cada esquina.

Um mundo menos competitivo. É tentador. Talvez, dadas circunstâncias apenas um pouco diferentes, eu tivesse sido um matemático baixista, e não um economista guitarrista. Em todo caso, continuo à cata de um baterista.