De ratos e homens
Eu não sei qual é a surpresa em ver Roberto Marinho-latria que tomou conta da imprensa. Não é somente o risco moral de não bajular o chefe; há também um forte elemento de gratidão por parte de muita gente que teve o seu big break na corporação Globo.
E apesar do perpétuo fluxo de acusações perturbadoras sobre a gênese e ascensão da corporação Globo - e do inegável caráter cartelizador de seu monopólio vertical sobre o audiovisual de ficção - Roberto Marinho foi um empreendedor. E este país tem uma carência terrível de empreendedores; as pessoas querem emprego, de preferência no governo, com estabilidade.
É, afinal, o homem que fundou uma das poucas grandes empresas que este país tem - aos 60 anos - e que emprega artistas. É por causa do salário das novelas da Globo que atores podem fazer "Rei Lear" ou "Hamlet".
E no fundo, eu acho que ele acumulou tanto poder em grande parte por falta de concorrência em determinado ponto crítico da construção de seu império. É certo que nenhuma sociedade capitalista desenvolvida deveria ter os entraves à livre concorrência que a Globo representa. Mas this is what you want, this is what you get.
As pessoas não querem emprego para todos, sem ter que correr riscos?
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