Referências
Estou cansado de falar de coisas graves. O meu e-mail está cheio de pequenas homilias pela paz e grandes diatribes antiamericanas, mas não tenho mais energia para continuar nessa. Alguém quer fazer o favor de assumir a partir daqui? Deixe a sua URL nos comentários que eu linco, ali no painel da direita. De fato, eu estava sem energia para blogar at all, mas a Kinha pediu com jeitinho. Então vamos lá.
É divertido ponderar com as décadas vindouras vão estruturar a narrativa desta guerra. Se for uma guerra curta, certamente ficará marcada como atrelada a um objetivo e nada mais. Mas se for um conflito longo, envolvendo vários países, ganhará contornos similares à guerra mundial de 1939-45. E nesse caso, o marco inicial não será o ataque de ontem, mas os eventos de 11 de setembro de 2001.
De fato, uma guerra "mundial", de grandes proporções, deixa de ser sobre situações específicas - como a Alemanha invadindo a Polônia - e passa a ser sobre valores maiores, sobre grandes ideais. A guerra de 1939-45 foi sobre muito mais do que derrubar um bigodudo perigoso para o mundo - foi uma guerra contra o nazi-fascismo, fenômeno original de seu tempo. Mas isso já são as coisas graves que eu não queria discutir. Às leviandades:
Onde você estava quando os atentados de 11/9 aconteceram?
A UFF estava grevando. Sim, eu estudava na UFF. Comunicação Social (yep!). Mas eu estava decepcionadíssimo com o curso, e preparando-me para novo vestibular. Enrolado com a matemática, eu tinha decidido matricular-me num cursinho pré-vestibular, e começara no dia anterior. As aulas acabavam às dez da noite, e foram cansativas o suficiente para que eu dormisse até umas dez da manhã do dia seguinte. Teria dormido mais, se não tivesse sido acordado.
A impressão mais forte que tenho é a da câmera fixa da Globo, provavelmente em seu escritório em NY, em que as torres gêmeas eram vistas com o mar ao fundo, e nada mais. A impressão subjetiva de que a cidade estava afundando. Passar vinte, trinta minutos assistindo a uma imagem fixa na TV tem os efeitos psicológicos mais interessantes: o bombardeio ontem começou à meia-noite, mas depois de alguns minutos eu tinha a sensação de que estava amanhecendo aqui.
Mas esse tipo de identificação não aconteceu back then. Em vez disso, a imagem dos dois últimos prédios do mundo visível em chamas, com o mar como único fundo e único entorno, traziam a nítida imagem do clássico fim do mundo como o conhecemos. E claro, a idéia de que estavam acontecendo essas coisas simultâneamente em todo o país. Parecia que seria um longo dia de surpresas.
Não foi. Depois das duas torres e do Pentágono, nada mais aconteceu. O mundo voltou ao normal lá pelas 13 horas daqui. Ou será que não?
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