Conjux
É do tipo de coisa que você detesta à primeira vista, antes mesmo de ouvir. Não tem como funcionar: Tom Morello e Zack de la Rocha faziam hip-hop político, pontuado por guitarras, enquanto que Chris Cornell e amigos faziam música psicodélica retrô. Substituir a paranóia e o vitríolo do RATM pelo tom whiny e introspectivo de Cornell é ainda uma idéia menos inadequada do que substituir a relativa expertise de Matt Cameron, Ben Shepherd e Kim Thayill pelas incríveis palhaçadas de Tom Morello, que parece achar que repetir uma única nota por vários minutos, usando pedais de efeitos, é o mesmo que tocar um solo.
O pior é que o que os Audioslave fazem é terrívelmente reacionário - especialmente no contraste com os beats hipervelozes para uma época hiperveloz das coisas da Weltherrschaft, que lançou o disco sobre a guerra que comentei no último post. O clipe de "Show me how to live" explora a surradíssima fórmula da road freedom como um veterano marine, ao ver a oposição à guerra do Vietnã, exploraria as imagens patrióticas da bandeira, do cachorro-quente e do beisebol. Talvez involuntariamente, Chris Cornell assume o papel de um Pat Boone na era da dromologia de Paul Virilio, o que dá a todo o disco um sabor de ciclamato - apesar de todas as boas intenções, repulsivo.
Mas como não gostar de algo cantado pelo Chris Cornell?