Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

28.2.04

Do goats.com



25.2.04

Rádios

Sou um habitué de rádios online de drum-and-bass. Devido à epidemia do MyDoom, a minha rádio favorita (que ainda não aprendeu que Windows é para desktops, não para pequenos servidores, Linux é para pequenos servidores e não para desktops), a Drum'n'Bass TV está funcionando mal, e estes dias tenho ouvido a Jungle Train.

Para os curiosos sobre o gênero, vale a pena experimentar.

22.2.04

So Awkward

É impressionante como estou escrevendo mal. Ritmos erráticos, frases confusas, idéias complicadas apresentadas de forma casual, e inclusive uma primeira pessoa do plural muito mal usada.

Preciso voltar a escrever regularmente. Enquanto isso, I apologize profusely.

21.2.04

Eles entenderam tudo errado

Metade dos críticos de rock chamam o Coldplay de "Radiohead limpo". A outra metade fala de "british sensitive rockers". Ora, onde o Radiohead é irracional (e que não fique a conotação negativa da palavra aqui), Coldplay fala constantemente de uma obsessão irredenta pelo controle.

Veja, pessoas sensíveis permitem-se explorar o acaso. Os dois trechos mais significativos vêm de "Politik" (give me one, 'cause one is best - in confusion, confidence) e "God put a smile" (give me smile and give me grace - and put a smile upon my face), e clamam justamente por um abrigo do acaso, por um mundo mais razoável onde viver seja menos perigoso.

Toda a narrativa do Coldplay fala de pessoas insensíveis (em parte porque racionais como método e destino, e em parte porque auto-centradas, vivendo a parte que importa da sua vida dentro de si mesmas) sendo confrontadas com as suas emoções, com o seu sentir (e aqui acontece uma interessante duplicidade feel/sense) o mundo. Eu acho que é isso o que me atinge com mais força.

Para quem anda acompanhando as minhas aventuras pelo sistema Myers-Briggs, são as aventuras de tipos xNTx explorando suas funções Sx e Fx. Eu acho que alguns críticos de rock ainda não sabem disto aqui: nós não somos personagens com histórias simples e reações simples a histórias de tipos comuns. Nós vivemos vidas, estas sucessões de fatos e sensações incrivelmente complexas, irredutíveis a estruturas narrativas.

Mas claro, "Clocks" fala de quando amamos estar vivos, acordar cada dia, e nos jogarmos no abismo.

17.2.04

15.2.04

Mais pingos nos iis

Não é que eu não poste por falta de idéias. Paradoxalmente, tenho padecido de um excesso de idéias para o blogue, mas estas idéias surgem nos momentos mais inapropriados, quando não posso ou não quero interromper as atividades em curso para explicar em termos verbais mais nítidos aquilo de que quero falar. Por outro lado, as idéias são tantas que não posso me dar ao luxo de digitar todas, e mesmo o processo de escolher as mais anacolúticas entre elas é cansativo e não me inspira entusiasmo.

Quando eu entrar numa fase menos imaginativa, trabalharei com calma cada conceito. On verra on verra.

12.2.04

Set off alarms

Os Narbotic são a minha banda de rock favorita do momento. Strokes meets IMPA meets White Stripes meets ansiedade matemática.

Recomendo muito ouvir "Alarm in the graduate school", disponível para download no site deles

They said, study with the best
or die like the rest
I gave her pieces of my brain
just to pass the test
Y'know I'd never thought
that I'd be learning surgery
for this MaS I'm going all the way
ring the alarm

11.2.04

9.2.04

Nós apoiamos

Get Firefox

4.2.04

Do Diesel Sweeties



Eu estou pensando seriamente em abandonar o meu clássico modus operandi de "deixar o acaso acontecer". Talvez eu deva começar a entrevistar candidatas.

Inscrições para o processo seletivo na caixa de comentários abaixo.

3.2.04

You had chemicals boy

Eu acabo de baixar o remix em dnb ("London Electricity mix") de "Born Slippy" do site oficial dos Underworld. A versão original tinha uma letra fantástica sobre um batidão bate-estaca four-on-four irritante - e este remix corrige isso.

O que posso dizer sobre "Born Slippy"? É uma mistura fascinante de canto de esperança no futuro, meditação sobre a superficialidade da consciência e narrativa perturbadora sobre estados neuroquímicos alterados.

"Born slippy" é a "Blowing in the wind" da nossa era - a cultura pop que passa do tomismo a Spinoza, do canto de liberdade e da responsabilidade ética que da liberdade advém ao questionamento mais propriamente filosófico sobre as motivações profundas por trás das ações que julgamos livres.

Em paralelo a isso, "Born Slippy" canta o devir. É uma boa época para se viver, quando estes ingleses que escrevem música para a pista de dança fazem o melhor comentário explicativo sobre Bergson que existe em lingua laica.

Convertido em dnb, que em si é o culto da velocidade pura como método de análise, as três faces do fluxo de consciência coletiva de "Born Slippy" apenas ganham camadas de significado. O sentido spinoziano da aparência contraditória de liberdade, em particular, torna-se concreto e físico: as nossas ações acontecem tão rápido que se tornam efeito antes de que consigamos querê-las.

É a inteligência coletiva chegando a uma maturidade tal que a faz redescobrir os projetos filosóficos de alguns homens particularmente lúcidos que se destacaram para o seu tempo. Paul Virilio ficaria orgulhoso.

2.2.04

Dear Prudence

Aninha Rebel, minha anti-semitinha favorita, mande-me uma mensagem pelo ICQ. Deletei você por erro, e não consigo mais achar o UIN.

Eu culpo o Santeiro

A data do leilão do prédio onde está instalado o IMPA está marcada para o dia 12 de fevereiro. Talvez a única instituição de pesquisa séria deste país, o IMPA acabou no lado mais fraco da corda de uma disputa judicial entre alguns pesquisadores do CNPq e o governo. Condenado pela justiça a acertar suas contas, o CNPq vai vender o prédio.

A nota de Elio Gáspari que nos relata isso conclui culpando, doce e irônicamente, a meta de superávit primário pelo estado lamentável a que a situação chegou. Talvez sem o querer, Elio Gaspari se torna porta-voz da mais tola das heterodoxias, aquela cujo corpo teórico se compõe de pequenas observações sarcásticas sobre casos anedóticos.

Sim, o superávit primário leva a uma corrida de cortes, e a informação assimétrica cuida do resto: do ponto de vista do homem que tem que equilibrar as contas, um instituto de pesquisa em matemática e uma produtora de vídeos acochambrada dentro de uma universidade federal são a mesma coisa.

Mas o ajuste fiscal é uma necessidade imperiosa, e a circunstância de ter que fazer estes superávits dolorosos é resultado de décadas da mais pura fuzarca. É errado culpar o superávit primário pelo cenário kafkiano de vender o IMPA.

Eu culpo Sérgio Santeiro, o imortal rei-montanha do IACS/UFF.