Anacoluto: caffeine for the mind, pizza for the body, sushi for the soul.

"We're not, as some people maintain, obsessed with pop culture so much as we're obsessed with its possibilities for stratification and dateability." (Thurston Moore)

31.5.04

Aninha, tu és o meu máximo denominador comum.

28.5.04

Duas vocações

O economista em mim não precisa censurar o crítico cultural. Parece tolo, mas é uma grande descoberta. Eu posso acreditar no mercado como provedor de soluções sociais ótimas e ser um crítico de seus resultados no campo da cultura.

A crítica da cultura não implica em um chamado à intervenção, ou mesmo na posição freqüentemente associada de que o vazio cultural é um resultado necessário da natureza de um sistema político-barra-econômico subjacente. Eu não preciso nem mesmo montar um argumento de falha de mercado, embora haja um muito forte no alto custo de entrada no mercado cultural.

Em todo caso, as barreiras de entrada estão caindo, e em nenhuma época da História houve uma tal diversidade cultural acontecendo em uma velocidade tão alta. Claro, a menina da xerox da PUC não está necessariamente ouvindo Squarepusher, mas as evidências de que o capitalismo está, afinal, chegando, são cada vez mais fortes.

É claro que a gradual expansão destas subculturas que re-valorizam a inteligência vai enfrentar uma sociedade não preparada pra isso. É claro que no dia em que o Multishow descobrir Squarepusher, caetanos e chicos vão espernear. E, num mundo onde grupos especiais de interesse determinam soluções políticas (mesmo que não no âmbito dos governos, mas na máquina privada produtora de cultura) inferiores às que surgiriam espontâneamentee, o sucesso eventual da inteligência não é seguro.

Assim, a crítica da cultura é, sim, válida. Há mais inteligência em Alan Licht do que em Ubiratan Iorio, mesmo que este repita algumas verdades fortes pinçadas de bons livros, enquanto aquele desconfie que a correlação entre a teoria sócio-política (o capitalismo) e o fenômeno cultural (pocotós e mariaritas) implique em causação. A ingenuidade de Alan Licht é vital onde a sabedoria de Ubiratan Iorio é burra: no lugar em que a inteligência ocupa na hierarquia dos valores.

Sou uma espécie de liberal por experiência do torpor da burocracia estatal e por fatos demonstráveis a respeito de mercados estilizados, mas não coloco a política acima da inteligência. A inteligência deveria estar no topo da hierarquia dos valores, porque sem ela não definimos com clareza aquelas coisas importantes todas como "ética", "bem", "belo", "verdade", e ficamos vulneráveis às sucessivas ondas de double-speak. A distopia orwelliana é antes de tudo uma de exílio da inteligência.

É por isso que eu queria que um homem como Richard "RMS" Stallman se candidatasse à presidência americana, muito embora eu discorde fundamentalmente das suas posições-chave. Dubya Bush é um bobão, John Kerry é um family guy intranscendente, e mesmo o velho e bom Ralph Nader está ficando mais velho que bom, e não aprendeu a programar em C para acompanhar os tempos.

Precisamos reinjetar inteligência em todos esses debates; colocar o posicionamento estratégico acima da inteligência é um declive escorregadio ao longo do qual estamos deslizando, parando para pensaar apenas quando trocamos um Carter por um Reagan, um Andropov por um Chernenko, um FHC por um Lula.

Santo Mingus, que saudades que tenho de Fernando Henrique...

19.5.04

Sobre a melodia de "Money for nothing" dos Dire Straits


I want my KDE
I want my KDE

Now look them at yo-yos - that's the way you do it
you write QT apps for your KDE
that ain`t coding - that's the way you do it
software for nothing and bits for free
Lemme tell ya them guys ain't dumb
Maybe get a blister on your little finger
Maybe get a blister on your thumb

We gotta install kdelibs3
we gotta install that kdepim
we gotta write for kdevelop
we gotta pack that tar.gz

See that little faggot with the black t-shirt
yeah buddy he's really that fat
that little faggot got his own custom windec
that little faggot he's a programmer

We gotta install kdelibs3
we gotta install that kdepim
we gotta write for kdevelop
we gotta pack that tar.gz

I should have learned how to gzip and untar
I should have learned to write Python
Look at that mama, she's stickin the USB camera
man we could have some fun
and he's up there, what's that? segfault errors?
melting up his core dumps, crashing XFree
that ain't coding - that's the way you do it
get your software for nothing and bits for free

Now that ain't coding - that's the way you do it
you write QT apps for your KDE
that ain't working, that's the day you do it
software for nothing and bits for free

I want my
I want my
I want my KDE

18.5.04

Omega Amigo

Alan Greenspan foi re-nomeado para presidente do Federal Reserve Board.

É interessante que a essa altura compreendamos bem os escorregões do Fed em vários pontos da história. É interessante também que Greenspie tenha sido aclamado como maestro por gente de várias posições políticas. Nunca é demais relembrar que é Bush quem está renovando Greenspie, muito embora este seja acusado de ajudar os democratas durante a grande expansão dos 1990. Pareceria que a macroeconomia está finalmente entendendo as coisas, e que talvez Keynes estivesse certo ao sonhar que os macroeconomistas seriam encarados como "bons dentistas" algum dia.

Sim, os austríacos podem espumar. Mas, bem, o Ubiratan Iorio nunca foi aclamado como maestro. Polemistas há em cada esquina.

7.5.04

"Pinkerton" é o meu Weezer favorito.

Os outros álbuns têm muito Weezer tentando ser o Weezer.

6.5.04

Uma modesta proposta

Visto e considerando que:

  1. Os bons livros brasileiros são raros - embora não tanto quanto os bons discos brasileiros - pelas mesmas razões que são raros os bons músicos brasileiros, embora de forma muito menos severa.
  2. Mesmo sob regimes de isenção de alguns impostos, importar livros é caro, em parte por causa dos custos do frete, e em parte porque estes recebem um preço compatível com o bolso estrangeiro, geralmente melhor provido que o nosso.
  3. Traduzir é caro, os bons tradutores são menos raros que os bons músicos, mas ainda assim difíceis de encontrar, e as traduções que chegam ao mercado são de chorar de tão ruins.
  4. Andorinhas africanas sabem mais sobre diagramação e layout que os editores brasileiros.

propõe-se que
  • Editoras gráficas brasileiras reeditem livros estrangeiros, sob licença e usando as matrizes originais das edições estrangeiras, sem tradução ou rediagramação. Um novo filão editorial será descoberto, as editoras estrangeiras ganharão os habitués de fotocópias que não conseguem comprar a edição original, e a priori o mercado de traduções não deveria ser muito afetado. Estou certo de que há muitos livros sem demanda o suficiente para bancar o processo de tradução e reedição, mas que gerariam lucro numa reimpressão autorizada, saindo tudo mais barato para todos.

4.5.04

Note to self: nunca mais conduzir experimentos de otimização neuroquímica em mim mesmo durante a época de provas.